História do racionalismo - 01
Os ascendentes do homem
José Alves Martins
O ser humano e os grandes macacos anatomicamente semelhantes a ele descendem
de um ancestral comum extinto.
Considerando o termo em sua acepção mais simples e comum – pensar e raciocinar –,
pode-se dizer que o racionalismo é tão antigo quanto o universo. Em nosso mundo, porém,
sua história começa com as primeiras manifestações de inteligência, de pensamento
racional, nos tempos préhistóricos, quando o homem primitivo, dito Homo sapiens, apareceu na Terra.
Então, na inevitável e tremenda luta contra o meio inóspito e selvagem,
foi a razão a ferramenta e arma decisiva para a raça humana garantir sua
sobrevivência no planeta e começar a abrir seu caminho rumo ao progresso
e à civilização.
Como surgiu esse animal racional, o homem? De acordo com a teoria evolucionista, preconizada por Darwin
e outros cientistas anteriores e posteriores ao ilustre autor de A Origem
das Espécies, incluindo os da atualidade, o ser humano e os grandes macacos
anatomicamente semelhantes a ele, como o chimpanzé, o orangotango,
o gorila e os gibões, descendem de um ancestral pré-histórico comum,
extinto. (É oportuno observar, portanto, que esses grandes macacos, pertencentes,
como o homem, à ordem dos primatas – do latim primate, ou seja, que pertencem à primeira ordem,
que estão no primeiro plano &ndash, não são, segundo a ciência, nossos avós, e
sim nossos primos.)
Calcula-se que, na evolução dos primatas, o ramo que posteriormente
daria origem ao homem se tenha desmembrado do dos macacos há
cerca de 20 milhões de anos.
Como o ser humano, a exemplo dos demais mamíferos, provém de espécies
inferiores, esse ancestral comum do homem e do macaco seria
também proveniente de algum tipo mais primitivo de mamífero, que descendeu
de uma espécie de réptil; este, de uma série de anfíbios; e esses
anfíbios, dos peixes primitivos.
Baseada na comparação da anatomia do ser humano com a dos demais
seres vertebrados, essa genealogia animal do homem é confirmada,
ainda segundo as observações da ciência, pelas curiosas fases pelas
quais passa o seu corpo durante a gestação, em especial no período embrionário.
Nas palavras de H.G. Wells, "começa como se devesse ser um
peixe, com brânquias ou guelras, além de coração e rins semelhantes aos do
peixe; segue por fases que lembram o anfíbio e o réptil; e recapitula, finalmente,
as estruturas dos mamíferos inferiores, tem cauda por algum tempo. Não começa
como um homem, mesmo no seu desenvolvimento individual;
a sua humanidade, consegue-a em luta. Em uma porção de
pequenas coisas que não lhe são de nenhuma vantagem e utilidade,
como nos pêlos e na direção desses pêlos em suas pernas, lembra
e repete o macaco".
A teoria evolucionista explica científica e racionalmente a origem
das espécies, inclusive a humana. No entanto, tem sido apaixonadamente
negada pelas várias igrejas cristãs, que fecham os olhos à
lei da evolução, à qual tudo está sujeito, e continuam
defendendo a lenda bíblica do criacionismo, cientificamente
indefensável.
A ciência, porém, não tem dúvida de que, como ocorreu com os demais
seres vivos, o ser humano surgiu por mecanismo evolutivo. Significa isso
que formas de vida inferiores evoluindo para formas superiores, através de mutações, combinações ou
recombinações genéticas e seleção natural, ao longo de milhões e milhões
de anos, deram origem ao homem tal qual é hoje, a partir, como
já foi dito, de um tronco comum aos outros primatas.
Esse processo da geração e evolução das espécies no planeta nos
faz pensar na perfeita sintonia das leis da genética, eternamente pré-estabelecidas
pela Inteligência Universal, com a trajetória evolutiva de suas
partículas. Ou seja, à medida que elas evoluíam, tais leis transformavam e
adaptavam organismos ou formas de vida inferiores às necessidades dos
novos estágios evolutivos alcançados por essas partículas da Força.
O aparecimento do homem na Terra, há muitos milhares de anos, é
talvez o acontecimento mais importante para o planeta. O evento marca
a passagem do animal ao status de ser racional, a transição do Pithecanthropus
erectus (macaco-homem, ou sub-homem, já seria um espírito encarnado?)
ao Homo sapiens; em outras palavras, a passagem da partícula da
Força Universal, agente dessas transformações, à idade da razão, isto é,
à condição de espírito, depois de ter cumprido no planeta uma longa
jornada evolutiva de bilhões de anos, desde a rocha bruta ao animal
racional chamado homem, completando, assim, seu ciclo evolucional
nos três reinos da natureza.
Enfim, o que é Homo sapiens, que escolhemos como marco
inicial da história do racionalismo? Essa expressão latina,
cunhada pela ciência, significa "homem racional". Segundo informa a
antropologia, o Homo sapiens foi a única espécie da família dos hominídeos
que sobreviveu.
É definido, biologicamente, como "mamífero da ordem dos primatas, caracterizado
por ter cérebro volumoso, posição erecta (andar bípede), mãos
preênseis (que podem pegar, segurar), inteligência dotada da faculdade de
abstração e generalização, bem como da capacidade para produzir linguagem
articulada". (As espécies extintas são o Homo erectus e o Homo
habilis.)
(Publicado originalmente no jornal A Razão, de abril de 2006, www.arazao.com.br)
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