Valdir Aguilera
 Físico e pesquisador

 

 

História do racionalismo - 02
A impressionante atividade mental do homem primitivo

José Alves Martins

Foi pela faculdade da razão ou inteligência que o homem se distinguiu e se distanciou, evolutivamente, dos outros animais, desde os primórdios da espécie, quando espíritos vindos de mundos materializados, pertencentes às classes iniciais da escala evolutiva, encarnaram pela primeira vez neste planeta, marcando, assim, o advento do chamado Homo sapiens na Terra.

A evolução da vida no planeta levara muitas centenas de milhões de anos para chegar ao macaco-homem; outros muitos milhões demorou a transição do macaco-homem ao Homo sapiens, que se calcula ter surgido há cerca de 100 mil ou 200 mil anos.

Como se vê, o aparecimento do ser humano é um fato muito recente no planeta, em comparação com os milhões e milhões de anos através dos quais rudimentares e primitivos organismos tiveram que evoluir até chegar ao homem, "a mais elevada forma de vida animal sobre a Terra", nas palavras de Darwin. (Considerando a hipótese dos 100 mil anos – mil séculos – do surgimento da humanidade, um espírito que viesse reencarnando desde então não teria ainda ultrapassado, nos dias de hoje, a marca de mil encarnações.)

E, por falar nisso, é de crer que espíritos de evolução superior à da maioria dos homens pré-históricos tenham encarnado no planeta já naqueles tempos remotíssimos. De inteligência superior à dos seus companheiros de caverna, devem ter sido, também, instrumentos mediúnicos por meio dos quais o Astral Superior teria transmitido àquelas criaturas primitivas conhecimentos e orientações para ajudá-los não só a sobreviver e perpetuar a espécie, como também a ensaiar os primeiros passos rumo ao progresso e à evolução. Senão, como explicar o fato, que causa estranheza aos estudiosos, de que já na pré-história tenha havido tão grande atividade mental e surpreendentes manifestações de inteligência, não obstante o incipiente estado evolutivo da humanidade naquelas eras longínquas?

Segundo os estudiosos da pré-história, é inegável que o homem daqueles tempos era cientista no modo de experimentar, prever e fazer descobertas, adequando-as às suas previsões, e é também naquela idade remota que vamos encontrar as origens da história das invenções.

Como se sabe, o homem, frágil e nu, apareceu entre as duas últimas eras do gelo, e essa fragilidade física, em confronto com um mundo inóspito e selvagem, constituiu, logo de início, o grande desafio que ele soube enfrentar e superar.

Assim, criou e aperfeiçoou meios de proteção contra o frio, usando peles de animais e, posteriormente, grosseiros tecidos que conseguira fabricar. Também para se proteger do frio e até dos animais ferozes, aprendeu a fazer fogo, há cerca de 50 mil anos, acontecimento considerado tão importante quanto a descoberta da eletricidade, em nossa era, há pouco mais de dois séculos.

Inventou, ainda, na medida em que as necessidades o exigiam, instrumentos que utilizou para dominar o ambiente hostil, melhorar suas condições de vida e possibilitar, milênio após milênio, a larga expansão da espécie no planeta. Entre essas invenções, citam-se o machado e outros implementos de pedra, bem como primitivas máquinas-ferramentas (para fabricar outros instrumentos) e, é claro, o arco e a flecha. Outra extraordinária invenção do homem primitivo foi, sem dúvida, o barco, logo provido de vela, com o qual pôde ir cada vez mais longe.

A agricultura, assim como a domesticação de animais, resultou também da capacidade de observação do homem primitivo e marcou uma nova era na história do ser humano. O emprego de observações do céu para resolver problemas terrestres, a contagem do tempo e a descoberta do número eram ensaios que já prenunciavam a ciência e a tecnologia modernas.

Pondo a inteligência a serviço do instinto de conservação, nossos antepassados das cavernas perceberam a premência de se organizar em grupos, ou tribos, maneira mais segura e racional de se defender de feras e inimigos, e assim descobriram sua vocação de animal social.

Da vida em comunidade, porém, teria surgido a necessidade de fixar normas de conduta, e aí estaria a semente que gerou o Direito, uma das mais altas concepções do espírito humano.

Ao contrário do que ocorria entre os macacos-homens, ou subomens, cujos líderes eram sempre os mais fortes, nos primitivos grupamentos humanos a liderança era exercida por alguém escolhido entre os mais velhos, mais experientes e sábios. Merecia o respeito do grupo não pela capacidade de impor sua vontade, isto é, pelo medo, mas pela de administrar os bens da comunidade, inclusive os alimentos, e, ainda, por simbolizar uma das principais características da espécie – a guarda da cultura e sua transmissão aos contemporâneos e às gerações futuras.

Esse atributo característico do gênero humano, de priorizar a experiência e a sabedoria em vez da força bruta, evidente já no alvorecer da humanidade, foi responsável, em grande parte, pelo progresso da espécie.

Ainda segundo os estudiosos, os homens primitivos não eram, como se poderia supor, criaturas demasiadamente crédulas, dominadas por superstições, e, mais cedo do que se pensa, o ser humano já desenvolvia pensamento original e crítico.

Na verdade, ele teria começado a cogitar ou mesmo a filosofar sobre as causas das coisas desde que surgiu neste mundo. Ou seja, a especulação filosófica teria nascido muitos séculos antes de o homem inventar a escrita. Desde épocas imemoriais, entre povos primitivos, a mente humana sistematizava idéias, existindo antiqüíssimas concepções sobre a criação do mundo que prenunciam a teoria da evolução.

O espírito científico e tecnológico não é uma singularidade da moderna civilização ocidental, ensina a História. Antigas civilizações orientais também desenvolveram ciência e tecnologia de valor, bem como idéias que lembram as preconizadas pelos filósofos gregos.

(Publicado originalmente no jornal A Razão, de maio de 2006, www.arazao.com.br)


 

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