Valdir Aguilera
 Físico e pesquisador

 

 

TRAÇOS GERAIS

O Racionalismo Cristão é uma filosofia espiritualista que trata da evolução espiritual dos seres humanos. Explica, por meio da razão e do raciocínio, o que somos e o que fazemos na Terra.

Racionalismo Cristão expressa a conjugação de dois conceitos norteadores que revelam todo o seu conteúdo filosófico. O primeiro – RACIONALISMO – está ligado ao procedimento dentro do raciocínio, da lógica e da razão. Temos de buscar a razão mediante a ação do raciocínio ou do pensamento bem orientado.

O raciocínio, trabalhado com profundidade e esmero, é esclarecedor, quando elevado, e seu uso criterioso é prática que conduz a conclusões acertadas sobre a vida. Raciocinar com consciência é promover bases sólidas para alcançar as convicções verdadeiras, é desvendar, é encontrar o que se procura no emaranhado das ideias.

O segundo conceito – CRISTÃO – associado a RACIONALISMO, completa o sentido da filosofia racionalista cristã: um código de conduta que reúne princípios espiritualistas e preceitos do cristianismo como base do humanismo moderno. Quando dizemos código de conduta, referimo-nos ao procedimento honrado da pessoa perante a coletividade e a si mesma.

O ser humano honrado é prudente, moderado, valoroso e justo. Ser racionalista cristão é viver a vida terrena sob normas espiritualistas do mais alto padrão. É saber preparar a vida presente e futura como pessoa esclarecida, consciente das suas condições espirituais.

O Racionalismo Cristão é um conjunto de ensinamentos espiritualistas, porque transmite ao ser humano o conhecimento de si mesmo, sendo capaz de mostrar-lhe o que há de mais importante e fundamental - o próprio eu - remoto, presente e futuro, de que dependem a saúde, o bem-estar, a felicidade, e, com isso, um mundo menos agressivo e intolerante, mais justo e compreensivo.

Hoje, como no passado, todos que estudam os problemas e conflitos humanos sabem que a educação espiritual poderá fazer de cada pessoa um ser humano pacífico e honrado. Para isso, entretanto, há necessidade de apagar do senso comum o irrealismo em que vive muita gente. É indispensável que as pessoas se desfaçam das ideias e dos ensinamentos errados sobre a existência, que tanta confusão têm produzido naquelas que buscam o entendimento dos fatos transcendentais da vida.

É triste que isso ainda aconteça, uma vez que de posse de tão úteis e necessários, de tão valiosos e imprescindíveis conhecimentos, não andaria o ser humano, há muito tempo, a querer proteção e amparo de supostos entes divinos, porque teria aprendido a confiar em si próprio e a buscar amparo e proteção no poder imenso e invencível da sua força de vontade e dos seus bons pensamentos.

Não pense o leitor que o Racionalismo Cristão faz, com a publicação deste livro, alguma revelação inédita. Desde a Antiguidade até a idade contemporânea em que vivemos, o espiritualismo é objeto de estudos de filósofos, de pesquisadores, de intelectuais, inclusive de mulheres e homens da ciência desejosos de colocar a humanidade a par do que há a respeito da vida espiritual.

Na estrutura de seus conceitos e princípios, o Racionalismo Cristão considera o Universo composto de Força e Matéria. A Força (imaterial) incita, transforma e movimenta todos os corpos (Matéria) e interpenetra todo o Universo. Essa força transcendente, da qual somos uma emanação que contém os mesmos atributos de forma latente, a fim de serem desenvolvidos e aperfeiçoados nas inúmeras existências por que passamos na Terra, é compreendida pela maioria das pessoas como Deus, que o Racionalismo Cristão prefere denominar Grande Foco, Força Criadora ou Inteligência Universal.

A Inteligência Universal submete-se a uma lógica definida por transcendentes leis evolutivas por ela própria instituídas, sendo, em razão disso, naturais e imutáveis. Naturais, por decorrerem, no processo evolutivo, de uma sequência lógica nos diversos domínios da natureza, e imutáveis, por serem absolutas, amplas, livres, portanto, de qualquer dependência ou sujeição.

Nesse sentido, não há lugar para o imprevisto, para o acaso ou a dúvida, porque tudo está interligado e tem sua razão de ser. Os seres humanos, sem exceções, estão sujeitos às leis evolutivas, não admitindo assim o Racionalismo Cristão provações, predestinações nem milagres.

A filosofia racionalista cristã ensina que todos os atos de nossa vida decorrem do emprego do livre-arbítrio, uma faculdade espiritual orientada pelo raciocínio e controlada pela vontade.

Então, de acordo com a forma de pensarmos assim seremos; o que de mal desejarmos ao próximo a nós mesmos estaremos a desejar; e o que de bem fizermos, em nosso benefício redundará, pois seremos o que quisermos ser. Ensina, portanto, a não cultivarmos sentimentos de ódio, inveja ou malquerença.

Tão logo principia a raciocinar, nas primeiras fases da evolução espiritual, o ser humano sente, mesmo que de maneira vaga e confusa, a existência da Inteligência Universal, que não é capaz de definir. Nasce daí sua inclinação adorativa, que as condições do despreparo espiritual em que vive plenamente justificam.

Compreende-se então, perfeitamente, que determinada parte da humanidade não tenha uma compreensão da espiritualidade que vá, por exemplo, além do culto a certas imagens ou a determinadas divindades, por lhe faltar base de entendimento para demovê-la da perplexidade adorativa a que se entrega.

Ao observador atento não é difícil avaliar o grau de espiritualidade dos seres humanos pela tendência que manifestam para a adoração, assim como a maior ou menor intensidade dessa tendência. O modo de adorar e o que é adorado variam, à medida que a consciência da vida vai despertando, até chegar ao ponto de poder afastar de si o sentimento da adoração.

Os seres humanos que hoje veneram coisas abstratas, após atingirem o necessário esclarecimento espiritual, acharão tão descabida essa veneração quanto ingênua agora entendem ser a ideia, que também já tiveram, de reverenciar certos fenômenos da natureza, a exemplo de raios, relâmpagos e trovões.

Não é preciso possuir muita imaginação para compreender o que essas incoerências representam no delicado período de formação do caráter de uma pessoa na infância, e de como elas contribuem na fase adulta para enfraquecer seu raciocínio e dificultar sua expansão no amplo terreno da espiritualidade.

Quando os seres humanos chegarem a compreender que são, como espíritos em evolução, inteligência e poder; quando se convencerem de que possuem atributos espirituais para vencerem, racionalmente, quaisquer dificuldades; quando adquirirem a consciência da sua condição de emanações da Inteligência Universal, e dela inseparáveis, cairão por terra as ideias iniciais de proteção.

No conhecimento da vida no seu aspecto amplo estão os lúcidos elementos de convicção, por meio dos quais as pessoas poderão libertar-se das ilusões que as trazem presas às crenças, aos milagres, aos mistérios, ao sobrenatural.

Não há seres humanos privilegiados nem proteções. Todos, sem exceção, estão sujeitos aos mesmos princípios, às mesmas regras, ao mesmo processo evolutivo. Invariavelmente, fazem igual curso e percorrem igual ciclo, no que há um alto e meritório princípio de justiça.

As pessoas precisam se convencer de que não poderão contar com o auxílio de ninguém para libertar-se das consequências dos erros que cometerem e que terão de resgatar com ações elevadas, qualquer que seja o número de existências para isso necessárias. Por certo pensarão mais detidamente, antes de praticar ato impróprio.

Então, o que interessa ressaltar é o modo pelo qual a pessoa processa sua marcha evolutiva, em que conquista, passo a passo, a independência espiritual. A que souber avaliar o peso da responsabilidade que carrega com seus atos certamente fará todo o possível para firmar-se nos ensinamentos que transmitem o conhecimento dos fatos espirituais.

O Racionalismo Cristão, sem outro interesse que não seja o de despertar a humanidade para a realidade da vida, propõe-se a transmitir aos seres humanos os esclarecimentos de que necessitam para alcançar uma condição espiritual mais clara que facilite o seu viver.

Os estudiosos do Racionalismo Cristão aprendem a confiar em si mesmos, na sua capacidade moral e no poder da vontade para lutar e vencer. Não são, por isso, adoradores, nem pedinchões, nem lamuriosos. Sabem que são grandes os obstáculos que surgem, a cada passo, no caminho da vida, mas, que os poderão vencer com os próprios recursos espirituais de que dispõem.

Assim, faz-se necessário que cada pessoa cumpra o seu dever, realizando a parte que lhe compete, com a atenção, os olhos, a alma voltados para o fim principal da existência, que é a evolução espiritual.

Nos conceitos e princípios racionalistas cristãos consolidam-se orientações de comportamento íntegro para as pessoas que os queiram praticar. O conhecimento da vida real é um processo contínuo de estudo e reflexão.

Por isso, o Racionalismo Cristão faz um apelo eloquente e constante ao estudo, ao raciocínio, à disciplina e ao trabalho, no sentido de que a humanidade compreenda a necessidade imperiosa de se entregar a perseverante esforço, para se tornar cada vez melhor e crescer espiritualmente.

Este livro, dentro de sua natural simplicidade, é bem profundo e deve ser visto pelo leitor como um alicerce de conhecimentos espiritualistas, cujo vigamento é forçoso erguer por esforço próprio.

Trata-se de trabalho sério de estudo e pesquisa para leitura e consulta, capaz de abrir novos horizontes, com a amplitude da visão panorâmica que coloca diante dos olhos expectativas reais que poderão dar nova orientação à vida, e fazer com que ela se modifique, a cada passo, para melhor, alcançando um sentido mais prático, amplo, objetivo, seguro e autêntico.

Chegando a este ponto, o leitor deve estar interessado em saber os conhecimentos que transmite a escola filosófica que é o Racionalismo Cristão. Seu interesse vai ser amplamente atendido nas páginas seguintes, em que verá os problemas da vida equacionados, em uma linguagem franca, simples e objetiva. Sentirá o vigor da mensagem que a filosofia racionalista cristã dirige à humanidade, com o que espera contribuir para que a paz entre os povos se estabeleça e o mundo se torne mais fraterno, portanto, espiritualmente bem melhor.

Do livro "Racionalismo Cristão", 46a edição, 2023, disponível em www.livrariarc.net  

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