História do racionalismo - 122. Leibniz introduz a noção de mônada na filosofia
J. Alves Martins
Contemporâneo do cientista inglês Isaac Newton (1643-1727) e, coincidentemente, também descobridor,
como Newton, do cálculo infinitesimal, o filósofo e cientista alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716)
nasceu na cidade de Leipzig (Lípsia, em português).
Era filho de Catharina Schmuck e de Friedrich Leibniz, professor de ética. Porém o menino tinha
não mais que seis anos quando ficou órfão de pai, e Catharina Schmuck lhe transmitiria "rígidos
valores religiosos".
Leibniz entrou com apenas sete anos na Nikolaischule. Nessa escola de Leipzig, logo se familiarizou
com as chamadas línguas clássicas, o grego e o latim, e adquiriu outros conhecimentos de maneira
autodidata, até entrar, precocemente, em 1660, aos 14 anos, na Universidade de Leipzig. Também aí
rapidamente viria a se destacar em filosofia e em diversos ramos da ciência.
Foi ainda nessa universidade que, em 1663, aos 17 anos, Leibniz alcançou graduar-se em filosofia,
com a tese intitulada Meditação sobre o Princípio da Individuação. Nesse mesmo ano, receberia o
grau de mestre, também em filosofia. Três anos depois, em 1666, aos 20 anos, apresentaria,
"pra variar" na Universidade de Leipzig, sua tese publicada com o título Dissertação sobre a
Arte Combinatória.
Em 1700, já com 54 anos, Leibniz recebeu, agora na Universidade de Altdorf, cidade do Estado
alemão da Baviera, o doutorado em direito. Foi ainda nesse ano que fundou a Sociedade das Ciências
de Berlim, da qual foi o primeiro presidente.
Gênio universal de sua época Bem antes de 1700, porém, isto é, ao concluir
sua etapa de estudos na Universidade de Leipzig, ele já havia começado a escrever seu primeiro
livro, em que, entre outras ideias, externa sua concepção de que "os distintos saberes são partes
integrantes de uma Ciência Universal".
Segundo um historiador da cultura ocidental, Leibniz é considerado um dos mais profundos
conhecedores da ciência de seu tempo e reconhecido como o gênio universal de sua época. Com
efeito, pois como cientista e inventor trabalhou em diversos campos do saber: matemática, física,
geologia, mecânica, história, direito, linguística e teologia. (Lamentavelmente, porém, ao tratar
desse último tema, ainda acreditava, como filósofos católicos anteriores, ser possível provar a
conformidade dos dogmas do catolicismo com o racionalismo aristotélico.)
Principal contribuição Por outro lado, Leibniz (que, além de cientista, era
também um dos destacados pensadores da safra de filósofos racionalistas da Idade Moderna, período
que se estendeu de 1453 a 1789) fundamentaria o conhecimento universal na racionalidade. E o faria
por meio de sua principal contribuição à filosofia - seu sistema de mônadas, "entidades separadas
e fragmentadas que se juntam, como átomos, para dar origem ao conhecimento racional".
Segundo Leibniz, as mônadas, átomos "inextensos", "com atividade espiritual", são componentes
básicos de toda e qualquer realidade física ou anímica e apresentam as características de imaterialidade,
indivisibilidade e eternidade.
Cabe às mônadas, diz ele, a função de constituir agregados sob uma mônada dominante. Surgem, assim, os
animais, nos quais a mônada dominante é a alma, como princípio vital; também assim surge o ser humano,
que tem como mônada dominante "a alma espiritual e racional".
Quatro importantes filósofos Não hei de finalizar este artigo sem fazer uma
referência especial a quatro importantes filósofos que chocaram as religiões ao externar suas
revolucionárias concepções a respeito da real essência de Deus, que nada tem a ver com as
"divindades" que, século após século, vêm sendo cultuadas ou adoradas pela humanidade. Veja-se,
a seguir, em ordem cronológica, a lista desses quatro filósofos:
O grego Sócrates (470-399 a.C.); o holandês Baruch Espinosa (1632-1677); o alemão
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716); e Luiz de Mattos (Chaves, Portugal, 1860 - Rio de Janeiro,
Brasil, 1926), fundador do Racionalismo Cristão, filosofia divulgada em nosso país e em vários outros.
É também digno de nota o fato de se terem preocupado (embora vivendo em épocas diferentes e
diferentes países) em dar adeus à palavra "Deus", tendo em mira nomeá-lo com termos ou expressões
mais condizentes com o que cada um pensava, falava ou escrevia ao tratar desse tema.
Os muitos nomes Deus
Sócrates dizia defender não a crença politeísta, e sim a existência do "Deus único", mas que preferia
chamá-lo de Alma Universal. Para Espinosa, como assinalamos em artigo anterior, Deus é a Natureza.
Por seu turno, Leibniz, tema deste artigo, também substituiu a palavra "Deus" pelo que ele chama de Mônada Infinita.
Certas conceituações errôneas a respeito de Deus, deparáveis não só nas doutrinas religiosas, mas
também no terreno da filosofia, haveriam de esperar séculos para passar pelo crivo de Luiz de Mattos,
que, graças à sua mediunidade intuitiva altamente desenvolvida e assistido pelo Astral Superior,
revelaria ao mundo a verdade sobre esse Ser que a humanidade vem chamando, através dos tempos, de "Deus" -
palavra que esse filósofo espiritualista substituiria por algumas expressões sinônimas, como Grande Foco,
Força Universal e Inteligência Universal.
Solitário e ignorado na morte. Mas voltemos ao nosso filósofo, cientista e polímata (indivíduo que estuda ou conhece muitas ciências). Gottfried Wilhelm Leibniz teria sido vítima de uma crise de gota, que causaria sua morte. Consta que ele morreu solitário, em Hanôver, Alemanha, em 14 de novembro de 1716, ignorado pela aristocracia, para a qual sempre trabalhara.
Relacionar o total de escritos de Leibniz e falar sobre eles em um fecho de artigo seria coisa impossível. Calcula-se que tudo que escreveu deva abarcar cerca de 40 volumes. Assim sendo, listamos, abaixo, pelo menos algumas de suas obras mais importantes:
Monadologia; Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano (resposta ao filósofo inglês John Locke (1632-1704); Discurso de Metafísica; Sobre a Origem das Coisas; Sobre o Verdadeiro Método da Filosofia; e Princípios da Natureza Humana.
De "História do racionalismo" para "Artigos"
Copyright©2008 valdiraguilera.net. All
Rights Reserved |
 |