Valdir Aguilera
 Físico e pesquisador

 

 

A mediunidade

Valdir Aguilera

Mediunidade é um tema que deve ser debatido sem as peias do misticismo, superstição ou religiosidade. É assunto de interesse de todos, uma vez que o que chamamos de mediunidade é uma qualidade inerente a todo ser humano, em maior ou menor grau.

Mediunidade é uma qualidade psíquica como tantas outras que nos enriquecem: a imaginação, capacidade de concepção, a percepção, etc. A intuição se manifesta através da mediunidade. Quem ouve vozes quando ninguém as ouve, vê coisas não visíveis para outros, sente odores imperceptíveis mesmo para os que estão por perto, tem outras percepções não usuais, sofre de diversos tipos de síndrome, está passando por tudo isso devido a essa qualidade psíquica.

A História registra casos notáveis de visões e audições e as qualifica de sobrenaturais. Entretanto, estamos cansados de saber que não existe o sobrenatural. Todos os fenômenos têm uma causa, talvez ainda desconhecida, mas, natural com certeza.

Esse amparo no sobrenatural tem ocorrido desde os tempos conhecidos. O ser primitivo, por ignorância, atribuía os fenômenos meteorológicos ao humor dos deuses. Se estes estivessem irados, disparavam raios para se acalmar ou, por vaidade, mostrar seus poderes. O desenvolvimento do conhecimento científico vem projetando luzes e dissipando as trevas da superstição, com indiscutíveis benefícios para todos.

É um engano atribuir os efeitos da mediunidade a meras alucinações, pois, esta palavra conduz à interpretação errônea de que eles são coisas de alguma forma inventadas pelo cérebro. Quando uma criança em seus primeiros anos brinca e conversa como se alguém mais estivesse invisivelmente presente, ela está inconscientemente usando a faculdade da mediunidade. Por razões ainda desconhecidas, esse atributo quase sempre perde em intensidade com o passar dos anos. Em muitas, entretanto, ele continua e, às vezes, de forma mais intensa. Algumas pessoas, para as quais a mediunidade não enfraqueceu, chegam a pensar que estão ficando loucas, como se loucura fosse um conceito de significado compreensível. Sabemos tanto sobre loucura quanto sobre mediunidade.

Quando a mediunidade se manifesta fortemente, os espíritas dizem que o indivíduo é um médium desenvolvido e que ela é uma graça divina. Se ela se manifesta fracamente, mas de forma bastante perceptível, eles afirmam que o indivíduo deve desenvolvê-la. São movidos por razões religiosas, embora freqüentemente não o admitam. O assunto, entretanto, é bastante sério para que fique sob o domínio da superstição, já que a mediunidade tem trazido muito prejuízo e desventura para aqueles que a têm desenvolvida e não entendem o que está acontecendo consigo mesmos.

A mediunidade e seus efeitos têm sido tratados com métodos variados: exorcismos, descarregos, etc. Não é esse o caminho. O que é necessário fazer é estudar o assunto sob critérios científicos, isto é, experimentalmente. Somente assim poderemos entender e aclarar o assunto, para o enriquecimento da Ciência e conseqüente benefício de todos.


 

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