Valdir Aguilera
 Físico e pesquisador

 

 

O propósito da vida

Valdir Aguilera

Não é raro ouvir-se dizer que a vida se resume a nascer, procriar e morrer. Esta é uma imagem demasiadamente simplista, fruto da falta de um conhecimento mais amplo do Universo. Somente podemos entender o que seja viver se entendermos melhor o Universo. Não estamos nos referindo ao Universo físico do qual já temos, ou pensamos ter, um razoável conhecimento. Então, a qual Universo estamos a nos referir?

O espaço que contém galáxias, estrelas, planetas etc. é um dos planos, ou dimensões, do Universo, o plano físico. Há outros, os planos astrais. No plano físico, a matéria se apresenta nas formas visível - atômica por exemplo - e invisível, na forma de matéria escura da qual temos limitado conhecimento. Nos planos astrais a matéria se encontra em estado fluídico, aparentemente não organizada e estruturada como no plano físico. Poderíamos conjecturar que a matéria escura seja matéria fluídica. Contudo, não nos importa, agora, enveredarmos por este caminho espinhoso.

A afirmação basilar, central, para desenvolver nosso tema é a seguinte: "O Universo está em constante evolução (transformação)". Tudo nele contido, sem exceção, também está se transformando. Estas transformações não acontecem por acaso, são regidas por leis, algumas já conhecidas no plano físico. Voltando, então, à nossa necessidade de conhecer o Universo para poder entender a vida em seu propósito, começamos por constatar que os elementos básicos de que o Universo é constituído se resumem essencialmente a dois: Força e Matéria. (Notemos que energia não é um elemento básico, primário, pois é um efeito de forças operando sobre matéria.) Para maior clareza, em algumas circunstâncias pontuais designaremos a Força como Força Universal.

Se tudo está evoluindo, o espírito (você, eu e todos os seres humanos) não foge à regra. Mas, o que é um espírito? Para poder responder, façamos as seguintes considerações: Sendo Força e Matéria os elementos básicos do Universo, o espírito deve ser um desses dois elementos. Matéria certamente não é, nem há nele nada que o seja. O espírito é, portanto, imaterial. É Força.

Como tudo no Universo, o espírito também está em evolução. Em que consiste sua evolução? Continuemos com nossa exposição.

A Matéria tem um único atributo, a inércia. Por si mesma não é capaz de produzir nenhum fenômeno. Já a Força é rica em atributos e se manifesta na natureza produzindo inúmeros fenômenos, como as forças que a ciência já identificou e estuda. O espírito é uma partícula individualizada da Força Universal e se diferencia de outros espíritos pelo conjunto de atributos e faculdades que adquiriu e desenvolveu em várias etapas do processo evolutivo global. Esses atributos e faculdades estavam em estado potencial, adormecidas, desde que ele se individualizou. Eram qualidades inatas à espera de manifestarem-se.

Isto posto, nos vemos em condições de entender o propósito da vida. A menos que neguemos que o Universo está em constante transformação, somos levados à conclusão lógica de que estamos vivendo com o objetivo único de nos transformar, desenvolvendo e aprimorando nossos atributos e faculdades. Para que isto aconteça, nascemos e morremos. Muitas vezes. Por que muitas vezes e não uma só?

No panorama que pintamos, o espírito necessita de um ambiente que ofereça oportunidades para se aprimorar. Um deles é o planeta Terra, onde lhe são oferecidas as necessárias oportunidades. Como acontece com um estudante que tem de se matricular muitos anos seguidos - cada ano escolar com seu começo e fim - para poder absorver o conteúdo das matérias escolares, também o espírito deve aqui se manifestar várias vezes para ter condições de manifestar suas qualidades adormecidas.

Agora, sim, estamos em condições de entender o propósito da vida e tomar consciência de que ela não se esgota, não se resume a uma única. Cada um de nós já teve inúmeras delas, pois são necessárias e disponíveis ao espírito para cumprir a soberana lei da evolução. Este é o propósito da vida, de cada vida.

À moda de "moral da história", procuremos aproveitar ao máximo nossa presente estada neste mundo-escola, aprimorando-nos e, assim, minimizando o número de "matrículas" em nosso curso.

Publicado no jornal A Razão de agosto de 2019

De "O propósito da vida" para "Artigos"

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