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Universos paralelosValdir Aguilera
A aleatoriedade aparente ocorre porque falta introduzir na Mecânica Quântica
alguma variável ainda desconhecida dos humanos. Embora seja universalmente aceita, não há consenso quanto à sua interpretação. Falamos da Escola de Copenhagen, fundada por Niels Bohr e Werner Heisenberg, que viam na equação de Schroedinger uma descrição probabilista dos fenômenos observados, ou seja, afirmavam que a solução da equação de Schroedinger é uma onda de probabilidade que colapsa quando o fenômeno é observado. O que isso significa, o que se quer dizer com "colapso" de uma onda de probabilidade? Vejamos um exemplo, bastante grosseiro, concordamos, mas ilustrativo, do que se entende por colapso de uma onda de probabilidade. Esse colapso está intimamente ligado à observação ou mensuração de alguma coisa. Suponhamos que alguém atire um dado dentro de uma caixa e não veja o resultado. Ele sabe que a probabilidade de sair o número 2, por exemplo, é um sexto, definida pela Teoria das Probabilidades. Os demais valores têm a mesma chance de sair, mas o valor que sai no dado somente é determinado quando se olha para ele. É esse olhar que elimina todos os outros valores. Enquanto não se observa o dado, todos os seis valores existem ao mesmo tempo, estão lá esperando que alguém dê uma espiadinha. Traçando um paralelo, a equação de Schroedinger nos dá a (onda de) probabilidade de que uma partícula seja encontrada em determinada região (sua posição). A observação, ou mensuração, determina apenas uma das possibilidades contidas na solução da equação de Schroedinger. A Teoria das Probabilidades nos dá a chance de sair um número, entre os seis possíveis, do dado. Observar o dado determina o resultado. É a observação que elimina as outras possibilidades, fazendo a onda "colapsar" para apenas uma realidade, fazendo as demais desvanecerem. Essa postura não era compartilhada pelo próprio Schroedinger, criador da equação que leva o seu nome. Ele imaginou experiências (a experiência do "gato de Schroedinger", por exemplo) com que pretendia questionar a interpretação da Escola de Copenhagen, considerada artificial e ad hoc. Houve outras dissidências tentando eliminar o papel do observador no resultado de uma mensuração. A teoria dos universos paralelos é uma delas. O que propõe essa teoria? A teoria dos universos paralelos – ou Teoria dos Mundos Múltiplos, como é também chamada – não discorda totalmente da interpretação de Copenhagen, mas, em vez sugerir um colapso da onda de probabilidades quando se faz uma medição (observação), propõe uma interpretação independente do observador. Propõe que os resultados possíveis não têm apenas uma probabilidade associada a cada um deles, mas têm existência em universos próprios. Dependendo do resultado, penetra-se num ou noutro desses universos. Voltemos à experiência do lançamento de um dado. De acordo com a teoria dos universos paralelos, há um universo associado a cada um dos seis valores do dado. Quando sai o número 2, entra-se no universo correspondente e os acontecimentos seguintes são definidos nesse universo. Quem apostou no número 2 é ganhador, nesse universo, e perdedor em todos os demais. O apostador tem uma versão de si próprio em cada um dos outros cinco universos. Se apostou muito, será rico em um deles e pobre nos demais. Segundo essa teoria, não há um colapso da onda de probabilidade, mas uma passagem para um universo que existe paralelamente ao nosso. De acordo com a Escola de Copenhagen, as ondas de probabilidade não têm existência real, são possibilidades matemáticas, abstratas. Na teoria dos mundos paralelos as possibilidades são reais, cada resultado tendo seu mundo próprio. Em resumo, o colapso da onda de probabilidade da Mecânica Quântica, considerado artificial e inventado com o único propósito de explicar um resultado, implica que o observador, de maneira inexplicável, interfere no resultado de uma experiência. Essa espécie de conluio não é aceito na teoria dos universos paralelos. Fazer uma medição (observação) não força a ocorrência de um resultado em detrimento dos demais possíveis. Um processo aleatório faz com que o universo se divida em múltiplas cópias. Vemos, então, que essas discussões – colapso da onda de probabilidade, divisão do universo em muitos outros –, sempre têm como base um suposto comportamento aleatório da natureza, comportamento este não aceito por Einstein e muitos outros. Na natureza não há lugar para o acaso, tudo ocorre sob leis imperiosas. Essa aparente aleatoriedade ocorre porque falta introduzir na Mecânica Quântica alguma variável, que ainda permanece desconhecida dos humanos. Vamos dar um exemplo simples, embora não precisamente exato, que mostra como a introdução de uma variável pode eliminar o caráter aleatório de uma situação. Imaginemos que alguém está comprando uma passagem de ônibus. Quer saber quanto tempo demora para chegar à cidade de seu destino. Como o bilheteiro não conhece o conceito de velocidade, responde que tarda duas horas, pois assim tem sido durante muitos anos. Se ele tivesse usado o conceito de velocidade, responderia que tarda duas horas porque o ônibus viaja com velocidade tal e a distância até aquela cidade é tal. Dividindo a distância pela velocidade, tem-se o tempo da viagem. Uma teoria, antes probabilista, torna-se uma teoria causal.
Concluindo, a teoria dos universos paralelos, apesar de autoconsistente,
pode ser fruto da ignorância humana e de sua fértil imaginação. Copyright©2008 valdiraguilera.net. All
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